A Gap é uma daquelas lojas que poucos assumem gostar, mas que todos compram de vez em quando. É uma loja de departamentos bastante popular nos Estados Unidos, parecida com a Renner ou Riachuelo aqui no Brasil.
Pois bem, esta semana o assunto mais discutido nas comunidades de marketing e design foi a nova logo da Gap. Uma mudança 180º da tradicional caixa azul e um grande exemplo de como o poder está nas mãos dos consumidores, que não podem ser ignorados em nenhum processo que envolva grande mudança. Talvez a única coisa que seja mais difícil — para o marketing — do que mudar de logo, seja mudar de nome. A diferença é que poucas empresas mudam de nome durante sua trajetória, enquanto todas precisarão mudar de logomarca em algum momento.
Quem estudou um pouco as histórias de marcas antigas como a Ford, viu que cada versão tinha praticamente uma identidade própria. Elas não herdavam elementos. Hoje, com a massificação da internet, mudanças drásticas podem desencadear uma revolta online dos consumidores e aparecer em centenas blogs, sites e tweets em tempo recorde; consequentemente gerando assunto para mesas de bar, conversas de elevador, etc. A menos que você seja do tipo “falem mal, mas falem de mim”, isso não é algo bom.
A nova logo criada pelo escritório nova-iorquino Laird and Partners, empresa do ex-diretor criativo da Gap, provocou discussões acaloradas nunca antes vistas a respeito de uma “simples” mudança de logo.
A resposta da Gap (06/10): “Nós usamos a mesma logo por mais de 20 anos, e essa é apenas uma das coisas que estamos mudando. Estamos cientes que a logo gerou um enorme buzz e nós estamos empolgados em ver todas essas discussões surgindo! Tanto que pedimos pra você compartilhar o seu design. Nós amamos a nossa versão, mas queremos ver outras ideias. Fique ligado nos detalhes que iremos revelar nos próximos dias sobre um projeto crowd sourcing.”
Boa resposta da Gap, mas não importa o quão rápida sejaa empresa; os consumidores são ainda mais rápidos. E o pior: as pessoas adoram memes.
No Twitter, apareceu o @GapLogo que em poucos dias ganhou mais de 3000 seguidores. Na comunidade 99 designs, um concurso premiará com $500 dólares a logo mais bem votada que também será enviada para a direção da empresa como “sinal de boa vontade” da comunidade especializada em design. Outro site também publica logos criadas por outras pessoas. E talvez o mais radical de todos: “Crap Logo Yourself” (“Sua própria logo porcaria”) deixa você criar sua própria logo seguindo o novo padrão Gap.
Geralmente, empresas que ignoram a voz dos consumidores sofrem de hemorragia que levam a um fim precoce. Felizmente, empresas inteligentes agem a tempo de estancar o sangue. Foi assim com a New Coke na década de 80, que retirou o novo produto pouco tempo depois do lançamento, após protestos fervorosos. A Gap parece estar ciente do perigo e prometeu considerar as opções oferecidas pelos consumidores, mas nada indica que ela vai mudar de ideia.
Podemos tirar algumas lições desta comoção atípica. Se você acha que mudar de logomarca é algo simples, pense de novo.
- As pessoas criam envolvimento emocional com a sua marca e a logo é a maneira que elas exibem isso. Mudanças drásticas geram estranheza.
- Novas logos bem-sucedidas são uma evolução ou simplificação da logo anterior . Elas mantém herança genética.
- O poder está nas mãos dos consumidores. Saiba a opinião deles antes de mudar qualquer coisa, principalmente quando é algo que eles interagem o tempo todo.
- Reconsidere tudo e aja rápido se os consumidores gerarem grande buzz negativo da mudança.